BRINCANDO DE VOAR: descoberta e revelação

Como descobri a Arte olhando para o céu? …e como este insight contribuiu para o que eu pretendia ser e fazer na vida!

Prelúdio estético: “Como descobri a Arte…” contemplando o céu, da janela de minha casa em Manaus.

O céu o limite do olhar. Luz, brilho e o fundo azul como palco maior de um show lúdico visual. Sobre a cabeça os personagens de um festival raro, singular. Pássaros vivos de papel e cor dançavam no ar e brincavam com o vento: banda de asa; monte cristo; de barriga; de letras: A, T, H, X, L; de faixa; de centro; de bola; de borboleta; de caveira; japonês; rosa dos ventos; rionegrino; de raios; de banda; de coração; de cruz; de espada; de estrela; americano; nacionalino; de xadrez; de escamas; de quadros; de espinhos; de colete; de orelhas; de escudos: flamengo, vasco, botafogo…E também os bonitões, artefatos grandes, alguns até personalizados com o retrato de alguma figura pública e rabiolas enormes que chamava atenção pela elegância e porte monumentais.

Jamais esquecerei: o coração acelerado e eu perplexo com aquela situação! Não era um sonho. Havia algo de mágico e não conseguia definir bem, mas, sentia o mistério oculto e era, sobretudo o que atraía e encantava: a Beleza, sua dimensão e plenitude e eu ali na janela da minha casa no Boulevard Amazonas, fascinado pela alegria e pelo desejo de voar.

Duas conclusões me levaram a reflexões radicais e decisivas: a primeira – aquela brincadeira era a expressão essencial de liberdade e beleza; a outra, sutil insight holístico – a Vida é no seu todo um surpreendente espetáculo coletivo de acontecimentos vitais imprevisíveis, quando “ brinca” com tudo que é vivo e com ela mesma, e manifesta contínua e descontinuamente o criativo impermanente.

E foi assim então, contemplando forma, fundo, espaço, sombra, cor, linha, traço, movimento – sem saber que estava vivenciando alguns fundamentos visuais – que decidi aprender o ofício com os mestres e logo constatei que o artesanato cultural era igualmente profundo e complexo em conteúdo e informação. Da escolha das talas à armação estrutural; do delicado manuseio do papel de seda, leveza, transparência às cores fortes, vibrantes; da confecção dos clássicos padrões que integram a fértil simbologia visual aos ajustes finais que proporcionam ao brinquedo voar. Arte e ciência, sensibilidade e conhecimento. Fazer e brincar, tradição e cultura popular.

Entusiasmado pelo horizonte amplo que o novo universo me proporcionou, passei a cultivar diariamente a atividade artística criativa, a desenhar e pintar em casa. Tinha descoberto o extraordinário mundo das artes, forma e cor.

Posteriormente, decidi freqüentar a Pinacoteca do Estado, que funcionava no prédio da Biblioteca Pública, no centro antigo de Manaus. Voltei-me aos estudos que me ensinaram os primeiros passos rumo à busca da Beleza. Isto foi determinante no aprimoramento do ser, da consciência e do artista. Foi neste lugar que conheci Alvaro Páscoa, Moacir de Andrade e Manoel Borges. E Hahnemann Bacelar, com quem muito convivi, conheci, a quem eu considero o artista amazonense por excelência. A história da cultura daquele estado deverá recuperar sua imagem de verdadeiro artista, prejudicada pela incrível tragédia que foi sua morte e ainda, pelo tradicional descaso com que a cultura é tratada neste país, devolvendo a ele o lugar merecido entre os artistas criadores, para que ele fique ao lado dos que constroem o patrimônio cultural de um lugar, de uma sociedade.

“brincando com o vento, asas da imaginação, a alma voa, de coração alegre” SM

6 respostas para BRINCANDO DE VOAR: descoberta e revelação

  1. Oi Sergio eu tenho um pequeno vídeo do vôo efêmero da grande pipa, mas ficou bacaninha, se vc quizer posso te mandá-lo, mas vc vai ter que me explicar como posso fazer o arquivo ficar leve pra internet. Aqueles compressores diminuem muito pouco o peso… acho!!! Bjão Betânia

    • asbm49 disse:

      Olá querida, qtº tempo? torça aí p/ que o Ivan consiga me levar para oficina de Serigrafia Art. no CIC, inicalmente prevista p/ Out.
      Qtº ao video, gostaria sim, lógico; sobre enviar pela rede, vou consultar e logo responderei; outro plano seria vc gravar em cd ou dvd e enviar por correio simples, que tal?
      ainda outra possibilidade: tenho muitos amigos aí que estão vindo sempre pra cá;
      Finalizando: O importante é que gostei d+ de sua oferta generosa: adorei!
      Abração, NÃO quero perder contato c/ vc.

    • asbm49 disse:

      Beta: eu já abri o video, e embora pequeno, dá um breve momento de alegria e extase coletivo. Obrigadíssimo.

  2. Uma catarse!!!!!!!!!
    De Malraux citado por Merleau–Ponty (2006) em seus cursos na Sorbonne.
    “De quantos anos precisa um artista para falar com sua própria voz?”
    Octa.

  3. Marcilena Marreiros disse:

    Olá Serjão!
    Legal saber que você está produzindo bastante, pintando e bordando pela nossa querida Ctba.
    Eu agora estou em Manaus, bem longe do bairro São Raimundo, no Parque das Laranjeiras. Manaus está irreconhecível, levei um tempão para me acostumar…
    Logo que cheguei aqui, fiquei muito triste em saber que o rio Tarumã havia sido transformado em lixão, aquela cachoeira belíssima deixou de existir há alguns anos.
    Tenho saudades de Curitiba, pretendo retornar, o Moisés ainda esta por aí, eu estou cuidando de minha mãe que se encontra muito doente.
    Beijos.
    Marcilena

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